quinta-feira, 22 de julho de 2010

As Complicações das Varizes

Chamamos de Tipo 4 ou IVFS - Insuficiência Venosa Funcional Sintomática, todas as situações onde já aconteceram complicações. As complicações mais freqüentes são as Tromboflebites, as Úlceras de perna, as Hiperpigmentações, o Eczema Venoso, as Hemorragias, a Fibrose, a Dermatite Ocre, as Infecções e o quadro de Dor, e a temível, Embolia de Pulmão. Geralmente são pacientes onde o problema está presente há longo tempo.

Os diversos tipos seguem um grau de evolução, não significando que um grau necessariamente passará ao outro. As varizes sempre pioram, mas cada paciente terá sua história, e não significa, embora seja possível, que o tipo 1 vá virar tipo 4.

Tromboflebites

O sangue deve fluir por dentro dos vasos, sem interrupções. Entretanto, quando ocorre uma hemorragia, como num acidente, ou provocada por alguma doença , ou mesmo sangramentos controlados como os de qualquer cirurgia, o corpo lança mão de várias proteções que tentam controlar esta situação que coloca a vida em risco. A mais importante é o sistema de coagulação. A coagulação então é uma coisa boa, quando ocorre para proteção. Mas em determinadas situações este sistema de coagulação pode ser desencadeado erroneamente e causar sérios problemas.

Quando uma veia tem suas paredes doentes, como nas varizes, ou se o sistema que faz o sangue circular, a bomba venosa da panturrilha, está com pouca ação, como no repouso forçado por doenças ou viagens prolongadas, podem ocorrer as Tromboses Venosas.

A Trombose Venosa pode ser superficial ou profunda. A superficial ocorre nos vasos da superfície do membro e a profunda nos vasos internos da perna

Tromboflebite Superficial

A trombose venosa pode ter várias causas, e entre elas , as Varizes. Quando ocorre uma coagulação de sangue dentro das veias superficiais, ela é chamada Tromboflebite Superficial ou Varicoflebite.

Quando as veias dos membros estão dilatadas, como nas varizes, todo o processo de fluxo do sangue está comprometido . Podemos dizer de uma maneira simples, que quando o sangue não tem um bom fluxo pela veia, ele tem uma tendência a coagular, formando um coágulo, o trombo , dentro da veia. A tromboflebite Superficial é uma das complicações das varizes, ocorre a coagulação dentro do vaso, que interrompe a circulação como se fosse uma rolha.

O paciente apresenta dor, vermelhidão e inchaço no trajeto das varizes. A Trombose Venosa Superficial, costuma ter um tratamento efetivo, mas o grande problema, é que embora raramente, o coágulo pode progredir através das veias superficiais para as veias profundas, ou pode, a partir das veias profundas, ou através de grandes veias superficiais , liberar pequenos pedaços de sangue coagulado, os êmbolos.

Os êmbolos podem , através da circulação atingir o pulmão, e aí param, impedindo que a circulação ocorra e colocando a vida em risco. A progressão do Trombo para o pulmão é a chamada Embolia de Pulmão.

Trombose Venosa Profunda

A Trombose Venosa Profunda , ou TVP, uma temível ocorrência, porque coloca em risco a vida do paciente. Pode ter várias causas, e uma delas é a presença de Varizes de Membros. É uma doença grave que se caracteriza pela formação de coágulos no interior das veias profundas da perna. Uma de suas principais conseqüências a curto prazo , a Embolia de Pulmão, pode levar à morte, prolongar ou complicar uma internação ou cirurgia e mesmo tornar o indivíduo inabilitado para a realização de determinadas atividades sociais e de trabalho, quando deixa o que chamamos de seqüelas.


A chamada Síndrome Pós-Flebítica, que pode ocorrer alguns anos após a TVP. Caracteriza-se por inchaço da(s) perna(s), coloração escura e endurecimento da pele, eczema (alergia crônica da pele) e úlceras (feridas) que são devidas às alterações e cicatrizes deixadas pela TVP no sistema venoso. Determinadas pessoas possuem fatores de risco para adquirir a doença. Existem também situações que podem desencadear a doença, são as situações de risco. A presença de fatores individuais e situações de risco podem caracterizar o paciente como sendo de risco para o desenvolvimento da doença. Este risco é chamado de risco tromboembólico.


Podemos citar como principais fatores individuais de risco para a TVP, além das varizes: Idade maior que 40 anos, Obesidade, Indivíduos que já tiveram trombose, Uso de Anticoncepcionais e terapia de reposição hormonal ,
Câncer,Gestação e período pós-parto,Dificuldade de movimentação,-Indivíduos com anormalidade genética do sistema de coagulação, Traumatismos e Politraumatismo, Cirurgias prolongadas, Anestesia Geral, Imobilização por longos períodos, Hospitalização prolongada, Doenças cardíacas ou respiratórias graves, Infecção grave.

Embolia de Pulmão

A chamada Embolia Pulmonar ocorre quando um pedaço do coágulo que se formou no interior das veias profundas da perna se solta e atinge os vasos sangüíneos dos pulmões. Dependendo do tamanho do coágulo que se desprendeu e da área atingida, a pessoa pode não sobreviver. No caso de varizes, embora possa ocorrer a Embolia Pulmonar é , felizmente, uma rara ocorrência. .

Dermatite Ocre

A dificuldade que o sangue tem para retornar para o coração nos casos de varizes, acaba gerando o que chamamos de estase sanguínea. A Estase Sanguínea provoca uma série de alterações nos membros inferiores, principalmente na parte mais distal. Ocorre migração para a pele de elementos do sangue, e que acabam se fixando em locais onde não deveriam estar. A presença de ferro, derivado da hemoglobina do sangue, acaba por dar um aspecto escuro, enferrujado na pele da perna ou tornozelo, chamada "Dermatite Ocre" .

Eczema

A Estase Sanguínea, provoca também a inflamação da pele, com o aparecimento de um eczema venoso. A pele fica pruriginosa ( coceira), descama e inflama. É um desagradável problema, provocado pelas varizes, que incomoda muito a seus portadores

Ùlcera Varicosa

É uma complicação das varizes, difícil de controlar, e que incomoda muito seus portadores. A Úlcera Venosa, acaba aparecendo depois de longa evolução do problema de varizes. É uma ferida, que pode ter uma grande extensão, até atingir grande parte da perna do indivíduo.

Varicorragia

É um sangramento, importante, que acaba ocorrendo quando a veia varicosa aumenta tanto de tamanho, que acaba erodindo a pele, que a recobre e perfura , provocando um sangramento profuso.

Edema

É um sinal de estase venosa, os membros do indivíduo ficam inchados, principalmente no final do dia .

Dor

Usualmente os pacientes com varizes queixam-se de dor nos membros inferiores associada à sensação de peso e cansaço nas pernas, que piora com o calor, com longos períodos de pé ou assentados com as pernas pendentes e com o passar do dia, sendo, portanto, nos pacientes com atividades diurnas, mais intensas no horário da tarde. Nas mulheres esses incômodos tendem a piorar no período pré-menstrual e gestacional. Associadas a estes sintomas são também freqüentes queixas de prurido (coceira), formigamentos, calor, cãibras, além de edema (inchaço) no final do dia nos tornozelos e pernas, sendo este proporcional à quantidade de varizes.

Ordem de aparecimento das complicações

Na maior parte dos pacientes, as varizes podem estar presentes por longos anos, sem que , felizmente, as complicações apareçam, mas o tratamento não deve ser postergado, porque as complicações podem levar muitos anos para aparecer, e finalmente surgirem em uma idade mais avançada, onde o tratamento efetivo não pode mais ser estabelecido.

No início da evolução das Varizes de membros inferiores, observa-se a sensação de peso ou cansaço no final do dia. As varizes visíveis, de vários tamanhos vão aparecendo lentamente. O edema começa a aparecer no final do dia, e depois a pigmentação (dermatite ocre) e o eczema se manifestam. Na faze mais avançada da doença, podem ocorrer as tromboflebites e a presença de úlceras e varicorragias.

Complicações de varizes

Clique na fotos para aumentar

( casos reais , não se recomenda que pessoas muito sensíveis naveguem pelas fotos )

Corona Flebectática- Aparecimento de telangiectasias (vasinhos) na região de dentro dos pés provocado pelas varizes (29kb)

corona flebectática

Eczema Venoso (prurido, descamação, vermelhidão)  e Hiperpigmentação(manchas escuras) provocados pelas varizes (24kb)

eczema e pigmentação

Hiperpigmentação (manchas escuras) e Dermatoesclerose (espessamento da pele e do subcutâneo) provocados por varizes  (21kb)

dermatoesclerose e pigmentação

Tromboflebite superficial - coágulos em varizes (25kb)

Tromboflebite

varizes (um botão varicoso)  com varicotromboflebite (coágulos)  (17kb)

Tromboflebite- Close

varicotromboflebite - coágulos em varizes (24kb)

Tromboflebite- microfotografia

Úlcera varicosa  (27kb)úlcera varicosa

Úlcera varicosa (29kb)

úlcera varicosa e anquilose de tornozelo

Varicorragia - Sangramento provocado pela perfuração de uma varizes , neste caso uma telangiectasia (17kb)

varizes com hemorragia

detalhe em microfotografia da perfuração e sangramento de uma microvariz (25kb)

varizes com hemorragia - microfotografia

Úlcera Varicosa com infecção secundária e inflamação  (19kb)

Úlcera Varicosa com infecção e inflamação

Atrofia de pele em doença varicosa (19kb)

Atrofia de Pele e Eczema Venos

Artérias das pernas



Quando se verifica um estreitamento gradual de uma artéria das pernas, o sintoma principal é uma sensação dolorosa, cãibras ou cansaço nos músculos da perna com a actividade física; é a denominada claudicação intermitente. Os músculos doem ao caminhar e a dor aumenta rapidamente e torna-se mais intensa ao caminhar depressa ou por uma ladeira acima. Geralmente, a dor localiza-se na barriga da perna, mas também pode aparecer no pé, na coxa, na anca ou nas nádegas, conforme a localização do estreitamento, e pode aliviar-se com o repouso. Habitualmente, passados entre 1 a 5 minutos depois de se sentar ou de estar de pé, a pessoa pode voltar a caminhar a mesma distância que percorrera, antes que a dor recomece. O mesmo tipo de dor durante um esforço também pode aparecer num braço quando existir um estreitamento da artéria que leva o sangue ao mesmo.

À medida que a doença se agrava, a distância que se pode caminhar sem sentir dor torna-se mais curta. Finalmente, a claudicação aparece inclusive em repouso. A dor, habitualmente,inicia-se na parte inferior da perna ou no pé, é intensa e persistente e agrava-se quando se levanta a perna. Muitas vezes impede o sono. Para sentir algum alívio, a pessoa pode deixar os pés suspensos da borda da cama ou então sentar-se com as pernas pendentes.

O pé, com um afluxo de sangue acentuadamente diminuído, arrefece e fica entorpecido. Observa-se secura e descamação cutânea, assim como um crescimento defeituoso das unhas e dos pêlos. À medida que a obstrução se agrava, formam-se úlceras, tipicamente nos dedos dos pés ou nos calcanhares e, às vezes, na parte inferior da perna, sobretudo depois de uma ferida. Por isso mesmo, a perna pode emagrecer. Uma obstrução grave pode causar a morte dos tecidos (gangrena).

Quando há uma obstrução súbita e completa da artéria de um braço ou de uma perna, aparece uma dor intensa, frialdade e entorpecimento. A perna ou o braço tornam-se pálidos ou azulados (cianóticos) e não se consegue sentir o pulso abaixo da obstrução.

Diagnóstico

A suspeita de uma obstrução de uma artéria baseia-se nos sintomas que o doente descreve e na diminuição ou ausência de pulso abaixo de um certo ponto da perna. O fluxo sanguíneo da perna pode ser avaliado de diversas maneiras, como seja comparando a pressão arterial do tornozelo com a do braço. Normalmente, a pressão do tornozelo é, pelo menos, 90 % da pressão do braço, mas quando o estreitamento é grave pode ser menos de 50 %.

O diagnóstico pode confirmar-se através de alguns exames. Na ecografia Doppler (que utiliza ultra-sons), coloca-se um receptor sobre a pele acima da obstrução e o som do fluxo sanguíneo indica o grau da mesma. (Ver secção 3, capítulo 15) Na técnica Doppler com cor, ainda mais sofisticada, obtém-se uma imagem da artéria que mostra as diferentes velocidades do fluxo em diversas cores. Dado que não se necessita de efectuar qualquer injecção, utiliza-se, sempre que possível, em vez da angiografia.
Na angiografia, injecta-se na artéria uma solução opaca aos raios X. Em seguida, fazem-se radiografias para verificar o grau de fluxo sanguíneo, o diâmetro da artéria e qualquer obstrução possível.
(Ver secção 3, capítulo 16) No seguimento da angiografia pode efectuar-se uma angioplastia para desobstruir a artéria.

Tratamento

As pessoas com claudicação intermitente deveriam caminhar pelo menos durante 30 minutos por dia, sempre que seja possível. Quando sentem dor, deveriam interromper o exercício e caminhar novamente quando ela desaparecer. Através deste procedimento, pode, habitualmente, aumentar-se a distância percorrida, caminhando comodamente, talvez porque o exercício melhora a função muscular e provoca o aumento de tamanho dos outros vasos sanguíneos que alimentam os músculos. As pessoas com obstruções não deveriam fumar em absoluto. Também é útil elevar a cabeceira da cama com blocos de 10 cm a 15 cm para aumentar a irrigação sanguínea das pernas.

Por outro lado, podem administrar-se fármacos, como a pentoxifilina, para aumentar a distribuição do oxigénio aos músculos. Podem também ser de utilidade os antagonistas do cálcio ou a aspirina. Os betabloqueadores, que ajudam os que sofrem obstrução das artérias coronárias, ao retardar a frequência do ritmo do coração e ao reduzir assim as suas necessidades de oxigénio, agravam por vezes os sintomas nas pessoas com uma obstrução das artérias das pernas.

Cuidados com o pé

O objectivo do cuidado com os pés é proteger a sua circulação e evitar as complicações derivadas de uma circulação diminuída. As úlceras nos pés necessitam de um cuidado meticuloso para prevenir as deteriorações subsequentes que poderão tornar necessária uma amputação. Deste modo, qualquer úlcera deve manter-se limpa, lavar-se diariamente com um sabão suave ou uma solução salina e cobrir-se com ligaduras limpas e secas. Uma pessoa com uma úlcera no pé pode necessitar de repouso completo e da elevação da cabeceira da cama. Os diabéticos devem controlar o melhor possível as concentrações de açúcar no sangue. Como norma geral, qualquer pessoal com má circulação nos pés ou com diabetes deverá consultar um médico se uma úlcera no pé não se curar num período de 7 dias. Muitas vezes, o médico prescreve um creme com antibiótico e, se a úlcera infectar, aconselha geralmente a tomar antibióticos por via oral. A cura pode tardar semanas ou inclusive meses.

Angioplastia

Os médicos efectuam, com frequência, uma angiosplastia imediatamente depois da angiografia. A angiosplastia consiste na colocação de um cateter com um pequeno balão na sua extremidade dentro da parte estreitada da artéria e depois enche-se o balão para eliminar (romper) a obstrução. (Ver imagem da secção 3, capítulo 27) A angioplastia, habitualmente, requer só um ou dois dias no hospital e evita intervenções cirúrgicas de maior envergadura. O procedimento não causa dor, mas pode ser algo incómodo, porque o doente tem de permanecer deitado e imóvel numa mesa de radiologia, que é dura. Administra-se um sedativo suave, mas não uma anestesia geral. Depois da dilatação, costuma administar-se heparina para evitar a formação de coágulos sanguíneos na zona tratada. Muitos médicos preferem dar aos doentes um fármaco antiplaquetário, como a aspirina, para evitar a coagulação. Para controlar o resultado do procedimento e assegurar-se de que o estreitamento não se verifique de novo, pode utilizar-se a ecografia.

A angioplastia não pode efectuar-se se o estreitamento afectar muitos segmentos da artéria, se for de um comprimento considerável ou se a artéria estiver toda ela muito endurecida. Se se formar um coágulo sanguíneo na zona estreitada, se se desprender um fragmento de coágulo e ele obstruir uma artéria mais distante, se se produzir um derrame dentro do revestimento da artéria que sobressaia e interrompa o fluxo sanguíneo ou se aparecerem hemorragias (pela heparina administrada para evitar a coagulação), pode ser necessária uma intervenção cirurgicamente urgente.

Além do cateter com balão, utilizam-se outros dispositivos para aliviar obstruções, como o laser, seccionadores mecânicos, cateteres com ultra-sons, malhas extensíveis intravasculares e polidoras rotativas. Nenhum destes dispositivos demonstrou uma eficácia maior em relação aos outros.

Derivação iliofemoral

Cirurgia

A cirurgia alivia com muita frequência os sintomas, cura as úlceras e evita a amputação. Um cirurgião vascular, às vezes, pode extrair um coágulo se só houver uma pequena zona obstruída. Como medida alternativa, pode levar a cabo uma cirurgia de derivação (bypass), na qual se coloca um enxerto artificial (um tubo feito de material sintético) ou uma veia proveniente de outra parte do corpo, de tal modo que comunique a parte superior da artéria obstruída com a parte inferior à obstrução. Outro método é extirpar o fragmento obstruído ou estreitado e inserir um enxerto no seu lugar. Às vezes, a secção (corte) dos nervos próximos da obstrução (uma operação denominada simpatectomia) previne os espasmos da artéria e pode ser muito útil em alguns casos.

Quando é necessário efectuar uma amputação para suprimir os tecidos infectados, aliviar uma dor atroz ou interromper uma gangrena que se agrava, os cirurgiões cortam a menor parte possível da perna, para facilitar o uso posterior de uma prótese.




Cuidados com o pé
Quando a irrigação sanguínea dos pés é insuficiente, aconselha-se que se sigam as normas e as precauções seguintes:
Inspecção diária dos pés para detectar gretas, feridas, calos e tumefacções.
Lavar os pés, diariamente, com água morna e sabão suave e secá-los com suavidade e completamente.
Usar um lubrificante, como a lanolina, para a pele seca.
Aplicar pó de talco ou pó inerte para os manter secos.
Cortar as unhas rentes e sem que fiquem demasiado curtas (solicitar os serviços de um pedicuro quando for necessário).
Os calos e as tumefacções devem ser tratadas por um pedicuro.
Não utilizar adesivos nem substâncias químicas ásperas.
Mudar, diariamente, as peúgas ou meias e os sapatos com frequência.
Não utilizar ligaduras apertadas ou meias com coses elásticos que apertem.
Usar peúgas de lã folgadas para menter os pés quentes.
Não utilizar sacos de água quente nem almofadas eléctricas.
Usar sapatos que calcem bem e tenham um espaço amplo para os dedos.
No caso de deformação do pé, ver com o ortopedista se são necessários sapatos especiais.
Não usar sapatos abertos nem caminhar descalço.

Doença Venosa


pernas3.jpg



Doença venosa: do peso nas pernas à úlcera, passando por derrames e varizes



A úlcera da perna é a pior consequência da doença venosa. Antes de atingir esta fase, surge uma sensação de peso, cansaço e dor nos membros inferiores. Depois, é a vez das inestéticas varizes.



Urge dar atenção às manifestações de uma doença que afecta mais de 50% das portuguesas e recorrer ao tratamento ainda numa fase precoce. Descubra aqui tudo o que escondem as pernas cansadas.



Mais de 50% das mulheres sofrem de doença venosa



Complexos estéticos, tromboses venosas ou úlceras de perna são, apenas, três das consequências por se ignorar sintomas e umas veias em destaque nas pernas. Vulgarmente chamadas varizes, em situações extremas podem contribuir para a incapacidade de trabalhar e desenvolver tarefas domésticas.



As varizes são, no entanto, uma manifestação da doença venosa, uma patologia crónica, que consiste na perda da função das veias, isto é, a perda da capacidade de transportarem o sangue venoso, já usado, dos membros inferiores para o coração.



«Na década de 90 foi realizado um estudo sobre a prevalência da doença venosa, no qual se chegou à conclusão que cerca de um terço dos portugueses na idade adulta sofriam de doença venosa», avança o Dr. Serra Brandão, cirurgião vascular e director do IRV – Instituto de Recuperação Vascular.



«Segundo um inquérito feito a nível nacional pela Euroteste, em 2001, dois milhões de mulheres em idade adulta sofrem de doença venosa. Por outro lado, no estudo Detect do mesmo ano também se constatou que mais de metade não estavam a receber tratamento», acrescenta o cirurgião vascular.



E explica: «Apesar de terem os sintomas, não estavam a ser tratadas ou porque assumiam como facto consumado e nunca se queixaram ao médico, ou porque o próprio clínico não prestou a devida atenção.»



Apesar de existirem homens afectados pela doença venosa, eles são em menor número. Aliás, os dados já mencionados comprovam tal facto.



«As mulheres possuem mais factores de risco. Por exemplo, os homens não têm estrogénios e, por isso, não apresentam a sintomatologia específica da fase inicial da doença, em especial as dores», elucida Serra Brandão.



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Doença venosa: peso, cansaço e dor nas pernas



Se é verdade que as mulheres são mais afectadas pela doença venosa, são os homens que, geralmente, aparecem com complicações mais graves, como a úlcera da perna.



Isto porque a ausência de dor não os mobiliza a procurarem o especialista. Assim, deixam que a doença progrida e consultam um profissional quando as varizes são já muito volumosas ou já têm úlcera.



São as mulheres, pois, que são «brindadas» com os primeiros sintomas da doença venosa: sensação de peso, cansaço e dor nos membros inferiores.



«A manifestação dos sintomas iniciais pode ser, apenas, um sinal de alarme para uma pessoa que mais tarde virá a ter doença venosa», comenta Serra Brandão, salientando que «esse sinal de alarme é tão ou mais forte quando existem factores hereditários ou uma profissão de risco».



Constitui motivo de preocupação quando a sintomatologia inicial, após algum tempo, ou logo no início, tem associado o edema (inchaço), causado pela acumulação de sangue nos membros inferiores que, por sua vez, origina a tumefacção do pé e do tornozelo.



De acordo com o estudo Detect, 85% das mulheres que têm doença venosa apresentam também edema que, habitualmente, se encontra reduzido ou ausente ao levantar. Note-se que estas mulheres referiram ter muitas limitações nas tarefas laborais e domésticas.



«Se associado à sensação de peso, cansaço e dor, aparecer o edema é porque a doença já está declarada. Nessa altura, o doente deverá recorrer imediatamente a um cirurgião vascular», alerta o responsável pelo IRV, continuando:



«Geralmente, na primeira fase da doença, o médico de família ajuda a aliviar a sintomatologia, através da administração de flebotropos, medicamentos que actuam no tónus venoso, na drenagem linfática, havendo alguns que também actuam na microcirculação e melhoram as condições da circulação dos membros inferiores. Se os sintomas persistirem, o indivíduo deverá ser imediatamente enviado para um especialista para a doença não progredir.»


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Doença venosa: e além do inchaço?



Por não serem sinais visíveis, as pessoas «deixam andar». Todavia, as consequências de se ignorar a sensação de peso, cansaço, dor e o inchaço podem ser desastrosas.



Numa fase posterior, surgem isolada ou concomitantemente telangiectasias. Mais conhecidos por «derrames», são pequenos capilares que aparecem na pele, geralmente na zona do tornozelo, perna ou coxa.



«Mais tarde, se o doente não se tratar, as telangiectasias começam a dilatar e o sangue fica estagnado. Surgem então cordões varicosos, chamados vulgarmente de varizes. Estas vão evoluindo desde um tamanho mais reduzido até àqueles grossos cordões que vêm desde a virilha até ao pé», indica Serra Brandão.



Se, mesmo assim, o doente continuar a não dar importância ao tratamento, o sangue estagnado na perna pode originar flebites, tromboses venosas profundas e impede a oxigenação dos tecidos, bem como a troca das substâncias que os alimentam.



Desta forma, esses tecidos entram em sofrimento e, consequentemente, a pele começa a sofrer alterações – torna-se mais escura e fina.



Nada agradável é o que poderá daí advir. Conforme diz o mesmo cirurgião vascular, «neste estádio da doença, surge o eczema e, com este, uma forte comichão.



Na fase seguinte, dá-se a abertura da úlcera de perna que, além do sofrimento e do tempo de cicatrização (entre seis meses a dois anos ou mais), provoca a incapacidade do doente».



É, pois, uma doença que quanto mais avançado for o estádio maior é a incapacidade a todos os níveis. Nos estádios mais evoluídos, o doente pode deixar de ter disposição para a convivência social e familiar, faltar ao emprego e reformar-se antecipadamente por invalidez.



Apesar de afectar indivíduos de todas as idades, obviamente, os grupos etários mais elevados, quando não tratados, têm a doença mais desenvolvida. Afinal, é uma patologia que se vai agravando com a idade, sendo que, normalmente, as pessoas mais novas apresentam estádios da doença em fases iniciais.


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Doença venosa: tratamentos, cuidados e vigilância



Para evitar todas estas consequências e melhorar a qualidade de vida, nada como travar o desenvolvimento da patologia.



«A doença venosa é complexa e mais complicada do que parece à primeira vista, pois é evolutiva e crónica», menciona Serra Brandão, prosseguindo:



«A doença propriamente dita e a sua causa nascem e morrem com o doente, mas existe um arsenal terapêutico e inúmeras medidas que impedem o sofrimento. Requer tratamento, cuidados e vigilância para toda a vida.»



Começando pela eliminação e redução dos factores de risco, na primeira linha, existem os medicamentos flebotropos, que aumentam a tonicidade da veia e conferem a elasticidade perdida. Por outro lado, melhoram as condições da microcirculação, evitando o inchaço e as alterações da pele e dos tecidos subjacentes, e evitam a ocorrência de flebites.



Nestes casos, pode, ainda, ser necessária a contenção elástica, através de meias ou collants com diversos graus de protecção e adequados a cada situação.



Relativamente ao tratamento medicamentoso, segundo Serra Brandão, «apesar de ser administrado praticamente para sempre, pode não ser contínuo, sobretudo nas épocas mais frias».



Quando a doença venosa se manifesta através dos derrames e das pequenas varizes, a opção será a escleroterapia (secagem), que consiste na injecção de um medicamento apropriado nos capilares. Estes são esclerosados e reabsorvidos pelo organismo.



Mediante a fase da doença, pode recorrer-se a diferentes métodos cirúrgicos. Nestas situações, é importante determinar o grau de desenvolvimento das varizes e o método mais indicado. O diagnóstico correcto e a confirmação se é ou não para operar é conseguido com o exame venoso ecodoppler a cor.



«Quando as varizes são detectadas nas fases iniciais, a intervenção cirúrgica poderá ser feita em regime ambulatório, com anestesia local ou com laser», observa o especialista, completando:



«Se as varizes estiverem bastante desenvolvidas, já não se pode operar em regime ambulatório nem utilizar o laser. O doente terá de ser internado, porque a intervenção terá de ser feita com anestesia geral. Se já existe úlcera de perna, a operação é mais complexa.»


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Doença venosa: recuperação do doente após a cirurgia



«As pessoas que têm de ser submetidas a uma cirurgia não devem ficar à espera que as varizes aumentem, porque quanto mais cedo forem operadas mais simples é a intervenção», aconselha Serra Brandão.



De facto, são notórias as diferenças da recuperação dos doentes que receberam diferentes intervenções cirúrgicas.



Caso o acto cirúrgico tenha sido realizado em regime ambulatório com laser, o indivíduo pode ir trabalhar no dia seguinte. Se o método usado em ambulatório foi o clássico, apesar de ir logo para casa, o doente terá de ter entre 10 a 15 dias de inactividade para o trabalho. Já na intervenção feita com anestesia geral, a recuperação será mais demorada, cerca de um mês.



«Em qualquer das situações, os resultados são excelentes, desde que seja feita a cirurgia correcta e indicada a cada caso», refere o cirurgião vascular.



Contudo, «a causa da doença venosa continua a existir, portanto, deverá ser observado pelo especialista uma ou duas vezes por ano», acrescenta Serra Brandão.



E conclui: «Se o diagnóstico for correcto e a cirurgia a indicada, o doente não deverá ser operado uma segunda vez, mas é natural que tenha de tomar os medicamentos flebotropos com regularidade e, eventualmente, usar contenção elástica. Com o decorrer dos anos poderá, ainda, ter de fazer uma secagem de derrames e pequenas varizes que possam aparecer.»


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Doença venosa: sofrimento inerente à estética



Para além de todas as consequências graves da doença venosa, não nos podemos alhear da própria estética.



Não é inegável. As varizes provocam igualmente o sofrimento inerente à estética.



Sobretudo as mulheres mais jovens, podem ficar com complexos. Podem, por exemplo, deixar de usar o vestuário que gostam e desejam ou não ir à praia para que os outros não vejam as manifestações desta patologia.



Mas os danos psicológicos são resolvidos se a doença for convenientemente tratada.


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Doença venosa: factores de risco



A actividade profissional é um factor de risco bastante relevante. Porém, existem múltiplos factores. Eis os principais:


Obesidade;




Sedentarismo;




Uso de terapêuticas hormonais, quer anticoncepcionais orais (pílula), quer terapias hormonais de substituição (THS);




Gravidez;




O facto de se ser mulher, devido aos estrogénios;




Ficar muito tempo em ambientes quentes, pois o calor dilata as veias e agrava a doença venosa.


Exemplos de situações a evitar: excesso de calor solar, depilações com cera muito quente, tomar banhos demasiado quentes e prolongados;




Todas as profissões que requeiram esforços físicos ou que obriguem a permanecer muito tempo em pé.


Considera-se muito tempo quando se está mais de 50% da actividade laboral ou diária em pé.


Por exemplo, as funcionárias das lavandarias, as enfermeiras, as cozinheiras ou as assistentes de bordo, além de terem um trabalho forçado e praticamente sempre de pé, em princípio, também são donas de casa, pelo que quando chegam a casa vão continuar de pé a fazer as tarefas caseiras.


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Doença venosa: conselhos úteis



Se sofre de doença venosa e se a mesma se encontra num estádio inicial, anote alguns conselhos úteis. Servem também para quem não padece da dita ou para aqueles com predisposição genética!


É fundamental comer com sensatez e ter uma dieta rica em fibras;




Perder e/ou manter o peso corporal;




Andar a pé e praticar desportos benéficos para esta situação, como a natação, o ciclismo, a marcha, o golfe, o ballet e a ginástica rítmica;




Evitar vestir roupa apertada;




Usar calçado adequado – nem completamente raso, nem com saltos superiores a 5 cm;




Fazer um banho com água fria ou tépida e aplicar um gel tónico nas pernas, todos os dias;




Nas alturas de repouso, manter as pernas ligeiramente levantadas ou, pelo menos, esticadas em cima de um banco;




Nas situações em que a sintomatologia é mais evidente, poderá dormir com os pés mais elevados. Para o efeito, existem almofadas próprias;




Na praia, fraccionar os banhos solares com passeios à beira-mar, sobretudo, na zona da rebentação das ondas;




Não abusar do tabaco nem das bebidas alcoólicas.

Dores nas pernas podem indicar doenças graves

As dores nas pernas são a principal causa de reclamações nos consultórios dos angiologistas e, conforme as estatísticas comprovam, estão, na maioria das vezes, relacionadas diretamente aos problemas circulatórios. Esse quadro clínico pode ser agravado, ainda, pela associação de duas ou mais doenças, o que acontece comumente e pode dificultar o diagnóstico até para profissionais experientes.

Há, no entanto, algumas características da dor que facilitam a busca pela doença responsável por ela. Dores com sensação de peso, por exemplo, que vêm associadas a inchaço e câimbras, aumentando no fim do dia e após longos períodos em pé, costumam indicar varizes. Elas são resultado da dilatação dos vasos sanguíneos, que pode ser provocada por alterações hormonais, sedentarismo, obesidade e fatores genéticos.

Já a sensação de queimação na panturrilha durante a caminhada pode ser sinal de problemas arteriais causados pela aterosclerose, doença inflamatória na qual ocorre o entupimento das artérias por colesterol e outros depósitos de gordura. Trata-se de uma enfermidade extremamente grave, que, se não tratada corretamente, pode culminar na amputação dos membros inferiores ou, até mesmo, levar a infarto do miocárdio e derrame cerebral.

As doenças da coluna também têm as pernas como ponto frequente de irradiação. Elas costumam gerar dor em fisgada, que tende a acompanhar o trajeto do nervo na face posterior dos membros inferiores e chegar até os pés. Os casos de dores nas articulações, sobretudo nos joelhos, mais proeminentes no início de um movimento, como ao levantar-se de uma cadeira, por exemplo, estão mais relacionados a problemas ortopédicos, como a artrose.

Cada uma das manifestações clínicas e sinais encontrados nas pernas têm importância fundamental na identificação de problemas de saúde. Deixar de avaliar meticulosamente esses sintomas pode ter como resultado o não diagnóstico de doenças graves, capazes de evoluir desfavoravelmente.

O que fica de lição é que há vários detalhes na história e exame físico dos pacientes capazes de elucidar o diagnóstico, e que todas as doenças citadas têm seu potencial de complicação se não forem devidamente cuidadas. Por isso, nenhum tipo de esclarecimento substitui uma avaliação médica. Os números mostram que o primeiro especialista a ser consultado deve ser o angiologista, ou o cirurgião vascular, devido à maior incidência das doenças que podem ser tratadas por ele

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